Após manobra, deputados retomam discussão sobre voto impresso na CCJ da Câmara

Iniciativa do bolsonarista Paulo Paulo Bilynskyj (PL-SP) permitiu que proposta fosse incluída na pauta da comissão. Pedido de vista interrompeu debate.

Após manobra, deputados retomam discussão sobre voto impresso na CCJ da Câmara
Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Carta Capital

 

Deputados da base bolsonaristas conseguiram, através de uma manobra prevista no regimento da Câmara, incluir na pauta da Comissão de Constituição e Justiça - CCJ desta quarta-feira (04) um projeto de lei que abre caminho para instituir o voto impresso e a recontagem física das eleições em pleitos federais, estaduais, distritais e municipais.

 

A inclusão do texto ocorreu através de um requerimento extrapauta apresentado pelo deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP). O dispositivo permite adicionar à ordem do dia uma proposta que não estava prevista para ser apreciada no colegiado. A iniciativa foi chancelada por 36 parlamentares

 

Isso permitiu que o relator do projeto, José Medeiros (PL-MT), pudesse ler seu relatório aos colegas, oficializando a discussão sobre o tema. Um pedido de vista feito por deputados governistas impediu que o texto fosse à votação nesta semana. A expectativa é que a matéria retorne à pauta antes do recesso parlamentar.

 

O parecer de Medeiros teme que, após realizar seu voto na urna eletrônica, o eleitor deve registrar seu voto também em um meio físico, que será armazenado e lacrado. Isso permitirá aos partidos a possibilidade de pedir a recontagem dos votos, por meio físico ou digital, 48 horas após o fim das votações, segundo o projeto.

 

A matéria já havia sido debatida na CCJ no ano passado, mas não avançou. Na semana passada, o colegiado promoveu uma audiência pública para discutir a retomada do voto impresso no Brasil. Um dos participantes, o ministro do Supremo Tribunal Federal Kassio Nunes Marques afirmou ser contra o mecanismo.

 

O magistrado esteve na sessão como representante do Tribunal Superior Eleitoral, já que sucederá a ministra Cármen Lúcia no comando da Corte nas eleições de 2026. Ele disse que o atual sistema de votação se mostra “à altura do desao de apurar, com exatidão e celeridade, a vontade do eleitor brasileiro”. E tentou se afastar do debate encabeçado pela extrema-direita.

 

“Entendo que esse debate cabe ao Congresso Nacional, não devendo o órgão de cúpula da Justiça Federal emitir opinião acerca do tema. Entretanto, o TSE, através de sua presidente, colaborará com o envio de dados e informação que possam auxiliar nos debates”, explicou Nunes Marques.

 

Há três anos, a Câmara derrotou uma proposta que tornava o voto impresso obrigatório em eleições, plebiscitos e referendos. À época, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados mais próximos já haviam iniciado a ofensiva contra o sistema eleitoral brasileiro, com acusações sem provas de fraude e insinuações de conluio com adversários.